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sou um pardal ateu e é isso...

quarta-feira, março 15, 2006

CREPÚSCULO (OS CANHÕES DA GUERRA)

Pedras e estacas percorrem
O chão quente em que morrem
Homens sedentos de vingança
Agora começa a matança
O asfalto psico-térmico
Alastra o vírus epidérmico
Passos sobrepõem – se à calçada
Na fuga raivosa da manada
Atormentado está o trilho
E uma mãe que perdeu o filho

Mochilas, sacos e suores
Chicotes, algemas, horrores
Pele humana para sabão
Máquina oleosa sem paixão
Alfândega abandonada ao pó
Lúgubre casebre vazio e só
Formigas rastejam em linha
Buscando migalhas de farinha
Terramotos esventram a terra
Roncam os canhões da guerra

Todo o minuto é momento
Deusa sagrada do sofrimento
Exploração constante e cruel
Tinta, martelo doce cinzel
Estátua erguida da desgraça
Ódio doente que trespassa
Tombam milhares pelas valas
Enterram-se cadáveres em salas
Moribundos zombies sem alma
O silêncio sorri com calma

Apodrece a sensação de indolência
Acabou a minha paciência
Ninguém leva nada a peito
Ninguém faz nada direito



(Tem qualquer coisa a ver com a 2ª guerra mundial)