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sou um pardal ateu e é isso...

terça-feira, abril 11, 2006

Erros e Imbecilidade Colectiva

Frequentes vezes as pessoas têm problemas nas suas vidas, nos mais variados campos, pela incapacidade de autocrítica.

Todos erramos, muitas vezes e com consequências variáveis. Um erro cometido por nós deve ser assumidamente dissecado, para evitar que se repita mais e mais uma vez na nossa vida.

A esmagadora maioria dos erros não tem apenas reflexos na nossa própria vida, mas também em vidas alheias. E, a maioria das vezes, nas vidas das pessoas que nos são próximas.

A autocrítica, quando aplicada numa dose razoável (o que significa que não pode ser demasiado dura nem branda), é um bom mecanismo de regulação das nossas relações com terceiros.

É lamentável quando as pessoas se recusam a observar os seus erros, mas também o é quando tendem a minimizá-los ou a entender que se apagam com uma borracha. Faz lembrar o cinema americano dos anos 40/50 do passado século em que um rapaz apaixonado fazia uma série de coisas que magoavam a sua amada, mas que depois tudo se dissipava com a oferta de um gracioso ramo de rosas…

Cretinices como esta são interiorizadas por gerações que se afogam em romantismos de pacotilha e em sentimentos expressos superficialmente, como se a vida que aparece nas revistas cor de rosa existisse e, mais sério ainda, como se aquele tipo de vida satisfizesse alguém que tivesse mais de 3 neurónios.

Infelizmente, enquanto o ser masculino passeia a sua infinita burrice através de jornais desportivos e coisas afins, a descomunal mbecilidade feminina encontra eco na já citada imprensa.

No fundo está tudo certo, não é? Afinal de contas, o Gonçalo enche a Marta de porrada, mas esta, como tem uma pipa de massa, pira-se para uma ilha paradisíaca onde vai para a cama com 3 ou 4 tipos diferentes para afogar as mágoas, retornar, dizer que não volta a ver o Gonçalo. Este, por sua vez, vai para a noitada na 24 de Julho, onde engata a filha de um ex-ministro qualquer e ambos se entendem numa linha de cocaína. Depois a Marta volta para o Gonçalo, para que este a encha de porrada novamente.

Assim se levam os erros, vivendo e não aprendendo.

Ora, atitudes superficiais deste calibre, fazem com que as pessoas que sorvem estes mundos fúteis tendam a agir assim em suas vidas e assim lidem com os outros. Incapazes de ir a fundo nas questões que interessam.

Não basta apenas oferecer um presentinho (seja de que género for) para apagar determinados erros que se cometem. No limite, um assassino ofereceria um presunto à família do falecido e tudo ficaria bem, não é mesmo? Sei lá, nesta sociedade cada vez mais alienada e cega, já nem sei o que esperar.

E assim caminhamos, não é? Não propriamente insensíveis, mas anestesiados. Esperando sempre que nos dêem algo, mas incapazes de dar livremente. Achando que temos sempre razão. Afundados em modelos, construindo guiões e esperando que apareça o actor/ a actriz certa para o papel pré-definido na nossa mente. Depois, quando o/a que surge não encaixa na perfeição, tentamos alterá-lo/a, em vez de alterar o guião. Muito menos em vez de nos alterarmos a nós mesmos.

Há quem passe a vida a encarcerar-se a si mesmo. Um dia acorda e descobre-se incapaz de fazer um carinho numa criança. Outro dia acorda e descobre que a criança é que se tornou incapaz de oferecer carinho a si. Outro dia acorda e do carinho apenas tem uma vaga ideia. Outro dia já nem sente nada a acordar e vive como um autómato.

E esse é um dos maiores erros de todo o sempre.