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sou um pardal ateu e é isso...

terça-feira, agosto 08, 2006

A Carta Que Nunca Receberei

Meu amor,

Tentarei que a inspiração me bafeje, ao escrever estas linhas para ti.

Linhas escassas para te dizer o quanto me sinto bem em te ter ao meu lado.

Sei que nem sempre te compreendo, e reconheço que, em algumas dessas vezes, é por não envidar os melhores esforços nesse sentido. Não me enganarei muito se te disser que não és fácil de conhecer, teus mistérios intrincados me fazem, por vezes, sentir que não estás sempre comigo, ainda que estejas junto a mim. Tu não és apenas um desafio, és um acalanto para meu corpo e minha mente.

Não te imagino longe por um dia. Quero sempre ouvir o som da tua voz, que por vezes ecoa. Sim, ouço-ta, mas é como se de mim saísse, se espalhasse em meu redor em harmoniosas notas musicais e me embalasse a alma.

Tamanhas vezes desvalorizo aquilo que, em ti, tem mais valor. Mas, amor meu, como, em meus mais profundos estados de solidão, careço de teu afecto. Afecto que me deste e que julgava eu retribuir. Crê que hoje sei que me enganei, e que tentarei corrigir meu erro. Nem sempre levei em conta tua inusitada sensibilidade, e não estive disponível muitas vezes para te dar o que te faz feliz. E, sem te fazer feliz, que me adianta pedir para que partilhes a vida a meu lado? Procuras a tua paz interior em pequenas coisas diárias, não lhes reconhecendo o peso ou a fealdade da rotina. Repetes o mesmo acto, o mesmo gesto, com o mesmo prazer que uma mãe afaga a cabeça do filhote num momento de languidez.

Senti-me perdida em mim, e tua vinda agudizou o processo. Me obrigaste a encarar a realidade, eu, que, sem me dar conta, me adoro perder em fantasias. Não és mais isolado do mundo do que qualquer um de nós, apenas o absorves de forma diferente.

Estar a teu lado é difícil, acredita, mas não estar é muito mais. Por muito que despreze teu corpo na cama, me arrepio quando vejo a cama sem teu corpo. Por muito que te imagine como uma ideia, fico vazia sem a sua concretização. Foste-te tornando mais que parte do meu espaço: foste te definindo como o meu próprio espaço.

Vem para mim, para que eu te dê o que precisas, e que com isso te permita transportar a paz diária e me sentir feliz por saber que te faço feliz. Que te faço feliz porque de ti sei cuidar.

Vem sentir o meu calor, eu também sei flamejar. Vem me abraçar, te encontrar dentro de mim, da mesma forma que eu agora entendo ter que vasculhar o teu interior para buscar e afagar os quase invisíveis pedaços da tua alma que aguardam pelo meu toque.

Da tua

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

...é de alguém ................... muito "apanhadinho",com expressões de um romantismo cheirando a tempos da VóVó, "que deus tenha"..
Enfim, - gostei
renatus, est

10:50 da tarde  

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