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sou um pardal ateu e é isso...

quarta-feira, junho 07, 2006

Homenagem a uma amiga

Gostaria de partilhar com o mundo algumas frases dementes saídas do meu cérebro alucinado, enquanto discutia com uma amiga minha através de e-mails… também gostaria de esclarecer que todas estas frases têm mais de um ano… e estão retiradas do seu contexto, porque o contexto é absolutamente indiferente. Não publico nada que não tenha sido dito por mim, ou seja, mantenho a outra parte num saudável anonimato.



“De uma pessoa, ou conhecemos o que ela é, ou, se apenas queremos conhecer o que mais achamos que nos agradará, um dia somos confrontados com uma desilusão. Posso ser e sou imperfeito, mas sou um «eu» completo e não fraccionado.”

“A vitrola já toca este lado, vamos ver como soa a música. Nem sempre existe agulha para ler o disco como deve ser... Mas não me apetece de momento trocar o vinil pelo cd... o cd só tem um lado... o vinil tem dois e tem uma série de rituais associados que o cd não tem...

Que prólogo tão filosófico e metafórico :) eu às vezes divago assim, sabes? Começo a escrever, e a própria forma do que escrevo molda o conteúdo, o adapta e constrói algo de novo. Por incrível, despropositado ou surreal que te pareça, é muito raro começar a escrever algo e saber como vai terminar. Isto que escrevo agora, por exemplo, não fazia parte da minha mente quando comecei a escrever e não sei onde vai parar, nem que rumo vai levar... sei que me sinto bem ao fazê-lo porque, por um lado, estou a comunicar e, por outro, estou a partilhar. As duas coisas não são sinónimos, a segunda é bem mais complexa que a primeira, implica uma maior ligação ao conteúdo da mensagem, à sua profundidade, às suas variantes, e, simultaneamente, é mais intuitiva e mais emocional.”

“eu não meço essas coisas, isso sai e pronto... mas eu também não escrevo todos os dias da mesma maneira, às vezes uso o pé esquerdo e outras escrevo com o umbigo...”

Em relação aos textos que eu escrevo: “Podem não ser como suspeitas, ou também podem ser. São um lado de mim, às vezes mais emocional, outras mais reflexivo, outras mais irónico. Tenho a particular característica de não gostar da maioria deles ao fim de algum tempo, no tocante à forma. No quesito de fundo, ou seja, no que eles abordam, já gosto de os ler e rever coisas...”

“Quanto à Filosofia, prefiro fazê-la na minha escala microscópica a estudá-la. Não pela mania de ser original ou por me achar melhor que os outros. Mas por nunca ter gostado de pensar pela cabeça de ninguém... a minha já me dá trabalho quanto baste”

“Centremo-nos na relação entre duas pessoas: se elas não forem sinceras uma com a outra, haverá necessariamente problemas? Não creio que haja necessariamente problemas. Contudo, essas duas pessoas nunca se conhecerão e interpenetrarão tão profundamente, nunca estabelecerão uma relação tão densa se não forem sinceras”

“Eu sou muito aberto, mas tento dar vazão às minhas múltiplas facetas. Às vezes elas colidem, é verdade.
Contudo, o pior não é isso. É que as pessoas são desconfiadas e, se encontram alguém com os braços abertos (ou o espírito aberto, como prefiras), pensam logo que aquilo leva água no bico. Quando me perguntam a profissão, digo muitas vezes "vigarista". Não o sou nem nunca o fui, mas dizendo-o é que ninguém acredita que eu de facto o seja, e assim ficamos todos bem.”

“Reconheço que sou muito labirintico. Há, no entanto e acima de tudo, uma coisa que referiste que me lisonjeou: a expressão "mistério divertido". Poucas vezes me senti tão bem descrito como nessa tua expressão.”

“Mas, se deixarmos essas abstracções e esse tipo de análises, a questão da fronteira está delineada de uma forma muito curiosa: não existe, e por isso é tão visível.
Vou tentar me explicar melhor: a 'doideira' é parte de mim, faz parte da geometria variável do meu interior, do surrealismo dos sonhos, dos ideais e da imaginação. Isso não é impeditivo de ter os pés bem assentes no chão. Pelo contrário, uma coisa alimenta a outra no meu interior.”

“Como uma das minhas frases é "a vida fará de ti o que tu deixares que ela faça", tento impedi-la de me fazer seu escravo...”

“se sou interessante, não sei. Sou a pessoa menos capacitada para o dizer. Mas uma coisa te garanto, não sou só uma personagem. Este que lês sou eu mesmo, e, se existe verdade, é esta a que tenho para te oferecer - nada mais do que aquilo que eu sou.”

“Entrar nas pessoas é complicado, elas não gostam que lhes mostrem o seu mundo interior, que é diferente do mundo que normalmente elas querem ver associadas a elas mesmas. Talvez isto soe confuso, mas resume-se em que as pessoas gostam de mentir a elas mesmas, de se iludirem, se protegerem, engaiolarem e engaiolar os outros também.”

“as pessoas gostam de encarcerar a criança que trazem em si... afinal porque é que as crianças dos outros têm o direito de andar à solta, se a das próprias pessoas está aprisionada? Não quero falar sobre os meus ferimentos; eles foram fruto da minha franqueza e da minha abertura, que porventura terá sido exagerada num mundo em que as pessoas vivem com medo umas das outras e medo delas próprias. Não digo que não tenham motivos, mas eu também os tenho e não sou assim... devo ter uma costela Sidharta...”


“eu entro onde as portas estão abertas, o vento não precisa de indicações, e ler a natureza é algo inato ao homem que ele afoga no seu pretenso e presunçoso racionalismo, esquecendo-se que, antes de tudo, é animal.”

“quem cobre seus próprios olhos só deixa cair a venda quando a pancada é muito forte.”


E pronto... para notas soltas, não está mal...