Nome:

sou um pardal ateu e é isso...

sexta-feira, outubro 27, 2006

O Boi Entre as Vacas

Um dia semi-adormecido...


… a ouvir falar de uma casa pastiche e aranhas peganhentas como animais de estimação.

Sim, a lentidão povoa-me hoje e tolhe-me os movimentos, particularmente os cerebrais, que assumo terem tirado um dia de folga, direito que lhes apraz e lhes assiste, mas com o qual eu não estou de acordo. Sou a favor da escravização dos movimentos cerebrais, contra o risco de degeneração em Alzheimer, e indiferente aos processos de fertilização das ratazanas dos laboratórios e da cerveja bávara.

O preciosismo é das maiores armadilhas que o ser humano pode criar a si mesmo e, ainda assim, é das tarefas mais interessantes em que o nosso cérebro se ocupa quando não está a pensar em sexo ou em comida ou em furnles.

Se relativizarmos o preciosismo, poderemos assumir que ele trabalha a velocidades distintas e, portanto, verifica as teorias do Einstein. Eu não existo em termos absolutos, pertenço a uma realidade paralela e nessa realidade chamo-me Laura (após a mudança de sexo). As questões ligadas à Física Quântica ultrapassam-me mas divertem-me, enchendo a minha imaginação de demónios saltitantes que se empoleiram nos galhos do limoeiro e atiram limões aos transeuntes. O tempo a velocidades variáveis é um primor, que a maioria da espécie humana nunca saberá entender, porque a humanidade entende o tempo como uma medida absoluta, coisa que não é. O tempo é variável, e isso está ligado a uma diversidade de variáveis e, porque não, a uma gama de cheiros, cores, e tipos de algodão.

Combinando a questão das realidades paralelas com o dos tempos variáveis, chegamos a uma interpretação absolutamente diferente da realidade. A realidade não existe, apenas existem realidades e barcos insufláveis como as bonecas, mas com bóias maiores. A profusão de realidades e a sua interpenetração surge como um desafio maior que adicionar chicória à cevada. Imaginemos que, em outra realidade tu atravessavas nas passadeiras. Isso não faria assim tanta diferença. Mas, se aliares isso ao facto de o tempo nessa realidade girar a uma velocidade que seja o dobro da que temos, aos teus olhos tu própria/o ias parecer duplamente demente, pois além de atravessares na passadeira, parecia que o farias de forma galopante e sem cocos. Notemos que ser demente é manifestamente diferente de ser senil. Pode não ser óbvio, mas é claro.

De uma forma cínica e homossexual, a conclusão a tirar daqui é que as papoilas são um primor à vista e à injecção. Nem de propósito, caem crisálidas do céu neste momento, coisa a que não posso assistir por estar num recinto fechado e negro. Mas sei porque as oiço e saboreio. Eis algo que faz os meus mamilos explodirem de prazer, mais ainda que a decapitação de um edil qualquer ou um ataque ao metro na estação da Trindade perpetrado por faunos elípticos e ursos hibernantes travestidos de esquilos, com o fito de declararem que nada sabem declarar por insuficiência renal do ministério da educação.

Eis a deixa para me retirar e sorver o orvalho engelhado pelas horas e ressequido pela brisa.

Avé