Stress, Depressão & Síndrome de Pânico

Nome:

sou um pardal ateu e é isso...

segunda-feira, junho 12, 2006

Uma Voz Fora do Corpo

Uma voz fora do corpo
Uma fala fora da mente
Um toque fora da pele
Um amor à flor do mel

A paixão cede o lugar ao medo e este ao amor pois agora não é hora de parar, nem mesmo para reflectir, pois não há reflexo que seja o correcto que espelhe o que venha de dentro e que se faça sentir a todo e cada momento, como uma bola de fogo no firmamento, como uma lua no pavimento, como se o corpo pedisse unguento, como se fosse o abraço, o carinho, o soluço, a lágrima, a antítese do sofrimento, a hipótese de amar e ser feliz, de tocar e sentir que se está a tocar, de ver e materializar o que se está a passar, mesmo que seja para renegar, mesmo que seja apenas para tentar, mesmo que se duvide que se possa acertar, a inércia não será nunca mais que uma promessa enquanto não se tentar passar à verdade.

Verdade? De quem? De qual?

A verdade é que há sempre dois, mesmo que sejam mais. Sempre e apenas dois. Sentir um corpo nu junto ao nosso, sentir a partilha, sentir a anormalidade do normal.

Lábios e língua unidos, misturando em si os sentidos e fazendo girar o resto, o que não se deve falar antes de fazer.

O que vem de dentro, vem em mais que um momento.

Para onde tu olharás, quando olhas para dentro? Quem tu verás, quando te abraça o cinzento? Com quem sonharás em teu leito, quem gostarias de afagar em teu peito? O que amarás e o que estarás disposta a descobrir, o que deixarás que te possa invadir, o que partilharás ou poderás admitir, saberás tu realmente ver e ouvir?

Sentes em ti o mundo, mesmo que te assumas como bailarina, mesmo que sejas ladina e aparentes a força, continuas a ser uma frágil menina, continuas a brincar e para teu amor não há vacina. És enorme em teu interior, és enorme e tens muito para entregar; apenas resta perceber quem será capaz de te resgatar e se irás ficar com quem realmente estiver disposto a te olhar e resguardar, ou se apenas serás uma mais a facilitar, uma mais a eternamente aguardar o príncipe com quem se quer encontrar.

São apenas excertos de mim, e não são para além mais do que ti. Ou talvez sejam excertos de ti. Ou talvez sejam apenas excertos de todos nós, de nós, da vida, de uma alma já esquecida, ou mesmo de uma pessoa querida entretanto falecida.

quarta-feira, junho 07, 2006

Homenagem a uma amiga

Gostaria de partilhar com o mundo algumas frases dementes saídas do meu cérebro alucinado, enquanto discutia com uma amiga minha através de e-mails… também gostaria de esclarecer que todas estas frases têm mais de um ano… e estão retiradas do seu contexto, porque o contexto é absolutamente indiferente. Não publico nada que não tenha sido dito por mim, ou seja, mantenho a outra parte num saudável anonimato.



“De uma pessoa, ou conhecemos o que ela é, ou, se apenas queremos conhecer o que mais achamos que nos agradará, um dia somos confrontados com uma desilusão. Posso ser e sou imperfeito, mas sou um «eu» completo e não fraccionado.”

“A vitrola já toca este lado, vamos ver como soa a música. Nem sempre existe agulha para ler o disco como deve ser... Mas não me apetece de momento trocar o vinil pelo cd... o cd só tem um lado... o vinil tem dois e tem uma série de rituais associados que o cd não tem...

Que prólogo tão filosófico e metafórico :) eu às vezes divago assim, sabes? Começo a escrever, e a própria forma do que escrevo molda o conteúdo, o adapta e constrói algo de novo. Por incrível, despropositado ou surreal que te pareça, é muito raro começar a escrever algo e saber como vai terminar. Isto que escrevo agora, por exemplo, não fazia parte da minha mente quando comecei a escrever e não sei onde vai parar, nem que rumo vai levar... sei que me sinto bem ao fazê-lo porque, por um lado, estou a comunicar e, por outro, estou a partilhar. As duas coisas não são sinónimos, a segunda é bem mais complexa que a primeira, implica uma maior ligação ao conteúdo da mensagem, à sua profundidade, às suas variantes, e, simultaneamente, é mais intuitiva e mais emocional.”

“eu não meço essas coisas, isso sai e pronto... mas eu também não escrevo todos os dias da mesma maneira, às vezes uso o pé esquerdo e outras escrevo com o umbigo...”

Em relação aos textos que eu escrevo: “Podem não ser como suspeitas, ou também podem ser. São um lado de mim, às vezes mais emocional, outras mais reflexivo, outras mais irónico. Tenho a particular característica de não gostar da maioria deles ao fim de algum tempo, no tocante à forma. No quesito de fundo, ou seja, no que eles abordam, já gosto de os ler e rever coisas...”

“Quanto à Filosofia, prefiro fazê-la na minha escala microscópica a estudá-la. Não pela mania de ser original ou por me achar melhor que os outros. Mas por nunca ter gostado de pensar pela cabeça de ninguém... a minha já me dá trabalho quanto baste”

“Centremo-nos na relação entre duas pessoas: se elas não forem sinceras uma com a outra, haverá necessariamente problemas? Não creio que haja necessariamente problemas. Contudo, essas duas pessoas nunca se conhecerão e interpenetrarão tão profundamente, nunca estabelecerão uma relação tão densa se não forem sinceras”

“Eu sou muito aberto, mas tento dar vazão às minhas múltiplas facetas. Às vezes elas colidem, é verdade.
Contudo, o pior não é isso. É que as pessoas são desconfiadas e, se encontram alguém com os braços abertos (ou o espírito aberto, como prefiras), pensam logo que aquilo leva água no bico. Quando me perguntam a profissão, digo muitas vezes "vigarista". Não o sou nem nunca o fui, mas dizendo-o é que ninguém acredita que eu de facto o seja, e assim ficamos todos bem.”

“Reconheço que sou muito labirintico. Há, no entanto e acima de tudo, uma coisa que referiste que me lisonjeou: a expressão "mistério divertido". Poucas vezes me senti tão bem descrito como nessa tua expressão.”

“Mas, se deixarmos essas abstracções e esse tipo de análises, a questão da fronteira está delineada de uma forma muito curiosa: não existe, e por isso é tão visível.
Vou tentar me explicar melhor: a 'doideira' é parte de mim, faz parte da geometria variável do meu interior, do surrealismo dos sonhos, dos ideais e da imaginação. Isso não é impeditivo de ter os pés bem assentes no chão. Pelo contrário, uma coisa alimenta a outra no meu interior.”

“Como uma das minhas frases é "a vida fará de ti o que tu deixares que ela faça", tento impedi-la de me fazer seu escravo...”

“se sou interessante, não sei. Sou a pessoa menos capacitada para o dizer. Mas uma coisa te garanto, não sou só uma personagem. Este que lês sou eu mesmo, e, se existe verdade, é esta a que tenho para te oferecer - nada mais do que aquilo que eu sou.”

“Entrar nas pessoas é complicado, elas não gostam que lhes mostrem o seu mundo interior, que é diferente do mundo que normalmente elas querem ver associadas a elas mesmas. Talvez isto soe confuso, mas resume-se em que as pessoas gostam de mentir a elas mesmas, de se iludirem, se protegerem, engaiolarem e engaiolar os outros também.”

“as pessoas gostam de encarcerar a criança que trazem em si... afinal porque é que as crianças dos outros têm o direito de andar à solta, se a das próprias pessoas está aprisionada? Não quero falar sobre os meus ferimentos; eles foram fruto da minha franqueza e da minha abertura, que porventura terá sido exagerada num mundo em que as pessoas vivem com medo umas das outras e medo delas próprias. Não digo que não tenham motivos, mas eu também os tenho e não sou assim... devo ter uma costela Sidharta...”


“eu entro onde as portas estão abertas, o vento não precisa de indicações, e ler a natureza é algo inato ao homem que ele afoga no seu pretenso e presunçoso racionalismo, esquecendo-se que, antes de tudo, é animal.”

“quem cobre seus próprios olhos só deixa cair a venda quando a pancada é muito forte.”


E pronto... para notas soltas, não está mal...

terça-feira, junho 06, 2006

Gimme 30 - Pato Fu

La vita è molto lunga per essere vissuta del tutto
È troppo grande, eccessivamente larga per me
La vita è molto lunga per essere vissuta del tutto
È troppo grande, eccessivamente larga per me

E eu que vivo só pra ela
Só pra soprar ela,
O que pra mim está OK
O que pra mim está legal

E se meu samba morrer
Ainda sobra sem querer
Um ano e meio de Carnaval
Gimme 30 and that will be OK
Gimme 30 and that will be allright

La veritá è che io sono povero
Poverino io sono
E quello che ho non basterà affato
Per vivere tutta la vita senza morire

segunda-feira, junho 05, 2006

Vinte e Nove

Este é o ultimo texto que publico aqui no blogue escrito com a provecta idade de vinte e nove anos. Há quem defenda que os trinta são uma marca psicológica. Se o são, não o sinto. Apenas digo isto: gostei muito de ter vinte e nove anos. De tal forma, que estou pouco me marimbando para os trinta. Nem sequer vou comemorar o meu aniversário. Apenas porque não me apetece estar a aturar aquela seca de receber parabéns e presentes e jantar com toda a gente e mais alguma.

Para me despedir dos 29 em beleza, aqui ficam umas coisinhas… duas letras que ajustam que nem uma luva…

Vinte E Nove
by Renato Russo


Perdi vinte em vinte e nove amizades
Por conta de uma pedra em minhas mãos
Me embriaguei morrendo vinte e nove vezes
Estou aprendendo a viver sem você
Já que você não me quer mais

Passei vinte e nove meses num navio
E vinte e nove dias na prisão
E aos vinte e nove com o retorno de Saturno
Decidi começar a viver

Quando você deixou de me amar
Aprendi a perdoar e a pedir perdão

E vinte e nove anjos me saudaram
E tive vinte e nove amigos outra vez


Meu Aniversário
by Nando Reis
Eu não posso entender
Essa vida tão injusta
Não vou fingir que já parou de doer
Mas um dia isso vai acabar

Eu não consigo me convencer
Que essa vida não foi injusta
Tanta falta me faz você
Queria ver você em casa

Mãe
O amor que eu tenho por você é seu
Mãe
O amor que eu tenho por você é seu
Como é meu
O meu aniversário

Mãe
O amor que eu tenho por você é seu
Mãe
O amor que eu tenho por você é seu
Aniversário17 de Agosto de 1935
12 de Janeiro de 1963
19 de Junho de 1989

Agora eu tenho 29



Sim, tenho 29, a poucas horas de chegar aos 30. Umas quatro horas e meia, mais ou menos…

Avancemos para esse dia ridículo que é o do aniversário…